O registros fotográficos e históricos abaixo são de pertencimento do Museu Histórico Municipal Professor Laurindo Vier. Quando usados em documentos, trabalhos e outros assuntos de terceiros pede-se a menção da respectiva fonte.
Histórico de Morro dos Bugres Baixo
BUCHERBERG - O NOME
BUCHERBERG - Morro dos Imigrantes de Buch.
Esta localidade ficava próxima a Masterhausen, na Alemanha.
Conforme o Livro "Os Mucker" (1900), do Pe. Ambrósio Schupp, 5.ª edição, p. 22, nome que o Morro dos Bugres recebeu na época de sua ocupação, por ser significativo o número de pessoas e até de famílias inteiras que vieram da Alemanha, do lugar chamado BUCH.
Esse nome era comum até a virada do século XIX, quando sua significação se perdeu, transformando-se em Buguerberg - provavelmente por terem sido encontrados muitos traços da presença indígena e, assim, se confundindo com a versão original.
Permanecia na memória de alguns moradores idosos a pronúncia "Puucher Perich", mas não se lembravam do porquê. Vejamos: Nos documentos da Igreja, consta sempre "Bugerberg", sem a letra "U" (Buguerberg), conforme será utilizado nos documentos descritos pelo Professor Aloísio Donato Braun neste livro, uma vez que este pesquisador se ocupou da documentação da Comunidade Religiosa.
Existia, ainda, a versão de que houve um homem no "Puucher Përich" que possuía muitos livros. Todos se admiravam da quantidade de livros que o homem exibia aos visitantes que, curiosos, iam visitá-lo especialmente para ver tantos livros reunidos num único lugar. Poderia ter sido o Professor Müssnich?
Segue uma lista dos Imigrantes com origem na localidade de Buch, na Alemanha, residentes dentro da área abrangida pela nossa relação de famílias durante o Censo de 1848, sendo que não foi possível apurar todos, pois alguns informam a cidade mais importante próxima ao seu local de nascimento (ex.: moradores de Buch poderiam informar Masterhausen):
Anna Margaretha Machry
Johannes Wickert
Johann Peter Schmitz
Elisabeth Dapper, irmã de Nicolau Dapper
Andréas Mathias Muller
Joseph Muller
Peter Joseph Ferst
Anna Maria Thomas (nora)
Nicolau Weber
Catharina Müssnich (esposa de Weber)
Johann Wehrmann
Maria Catharina Ries (esposa de Wehrmann)
Apolônia Ferst (esposa de J. Endres)
Maria Catharina Ferst (esposa de Phil. Roth).
Anna Maria Ferst (esposa de Anton Barden)
Johannes Machry
Elisabeth Görgen (esposa de Machry)
Apolônia Wickert (esposa de Görgen)
Johann Peter Dapper
Jacob Philippsen
Nicolau Dapper
Anna Maria Schmitz (esposa de Dapper)
Jacob Thomas (genro de Müssnich)
Acrescentem-se os muitos filhos desses casais que os acompanhavam na chegada, os quais multiplicam esta lista. São tantos os emigrados de Buch que vieram para o Brasil que
há mais moradores e descendentes de Buch aqui no Brasil do que lá na Alemanha atualmente e, por isso, seria justo que o BUCHERBERG continuasse a se chamar assim. Soubemos que, em Buch, estão se interessando muito pela história de seus conterrâneos aqui. Vamos informá-los do sucesso dos empreendimentos de seus emigrantes, nossos ancestrais.
COMUNIDADE CATÓLICA SÃO FRANCISCO XAVIER
MORRO DOS BUGRES-1849
A localidade de Morro dos Bugres fazia parte das terras da Linha Grande dos Dois Irmãos, quando da divisão dos lotes de terras distribuída em julho de 1824. A linha aberta que dividia os lotes Ala Direita Leste e Ala Esquerda Oeste partia dos Morros Dois Irmãos, no Travessão Rübenich passando onde hoje se encontra a Avenida São Miguel em Dois Irmãos rumo norte, seguindo Morro Reuter, Walachai, Morro dos Bugres, defronte à capela São Francisco Xavier, rumo ao norte para Jammerthal e Pinhal Alto.
Depois que os imigrantes receberam seus lotes com sua localização, seguiram mais ou menos a linha do Travessão, através de uma picada provisória, aberta pelo Governo, por onde todos os colonos transitavam livremente, levando seus poucos pertences e ferramentas no lombo dos animais ou a pé até a propriedade que receberam. Esse trilho, mais tarde, tornou-se estrada de transporte para os colonos, por onde levavam os produtos por eles produzidos e por onde passavam para fazer compras no Hamburgerberg e em São Leopoldo, que era a sede do município na época.
LOCALIZAÇÃO
Morro dos Bugres é a mais antiga comunidade constituída e povoada do município de
Santa Maria do Herval e a capela mais antiga da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora.
Os colonizadores alemães aqui chegaram entre 1835 e 1838 e durante a Revolução Farroupilha (1835-1845) a imigração em São Leopoldo praticamente parou.
Hoje, Morro dos Bugres localiza-se a 5 km a Oeste da sede municipal, faz limite ao sul com Walachai (Morro Reuter), a oeste com Linha Cristo Rei ( Morro Reuter), ao norte com Jammerthal ( Picada Café) e a leste com a sede municipal.
DESCRIÇÃO GEOGRÁFICA
A localidade do Morro dos Bugres é uma região montanhosa, pedregosa, com várias elevações (peraus) e um vale de 200m de profundidade junto ao rio Cadeia, que faz a divisa com o Walachai, ao sul. Esse rio nasce na divisa dos municípios de Santa Maria do Herval com Três Coroas e Igrejinha; corre na direção oeste, passa pela sede municipal, junto à Cascata Herval, que tem 125m de queda livre. Na região entre o Walachai e Morro dos Bugres, no Rio Loch, junto à ponte Farroupilha, recebe as águas do Arroio Walachai. Desse ponto, toma a direção norte até o Jammerthal, onde se encontra com as águas do Arroio Tapera e retoma a direção oeste, rumo a Joaneta, em Picada Café. Esse rio deságua no rio Caí. Igualmente, no Morro dos Bugres, nascem duas sangas com pouco volume de água, nas encostas dos morros, e deságuam no Rio Cadeia.
Num pequeno lugar plano, junto à linha que divide os lotes das terras, encontra-se um pequeno núcleo residencial onde se situam a capela, o salão comunitário, o cemitério, a escola, o salão Mallmann, o bar Moraes & Closs e várias residências. Na direção norte, encontramos um terreno chato e plano, solo preto, com poucas pedras, onde inicia um
declive do terreno muito acentuado para um vale com mais ou menos 400m de profundidade, junto ao Arroio Tapera, onde encontramos a localidade do Jammerthal.
Antes da vinda dos imigrantes, contam as pessoas idosas que seus pais e avós, por sua vez, contaram que toda a região era coberta por vários tipos de árvores, como pinheiros gigantes (araucárias), canelas, angicos, louros, cedros, cabriúvas, canjeranas, ipês roxos e amarelos, araçás e muitos outros. Eram madeiras nobres e ótimas para a construção
de casas e benfeitorias dos colonos, o que pode ser observado nas casas enxaimel construídas há mais ou menos 100 anos, que ainda existem no local. Além das árvores gigantes e nobres, existia uma rica e variada vegetação rasteira e ervas medicinais, como cipós, parasitas, orquídeas, samambaias etc. Além da flora exuberante, havia uma fauna diversificada com muitas espécies de animais, como quatis, macacos, bugios, gatos- do-mato, tatus, gambás, veados, jaguatiricas, tamanduás e variadas espécies de aves e serpentes venenosas.
Os primeiros imigrantes e seus descendentes encontraram vestígios, restos de panelas, tigelas de barro de fabricação indígena nas suas roças, mas não se tem conhecimento, na região do Walachai, Morro dos Bugres e Jammerthal, de envolvimento ou conflito com os índios ou bugres, como os imigrantes os chamavam. É bem provável que eles tenham se transferido, paulatinamente, para o norte do Estado após a colonização dos imigrantes alemães nesta região.
CONSTRUÇÃO DA PRIMEIRA CAPELA DO BUCHERBERG
Os moradores das três localidades (picadas): Walachai, Morro dos Bugres e Jammerthal,EM 1849, se uniram e resolveram construir uma capela de madeira que também serviu por muitos anos como escola, e, ao lado, um cemitério. Eles custearam a construção com recursos próprios e foi dedicada ao Padroeiro São Francisco Xavier.
ATA DE FUNDAÇÃO DA CAPELA DO BUCHERBERG
No ano de 1849, foi colocada a pedra fundamental da Capela de São Francisco Xavier e construída pelos colonos com a ajuda de muitos benfeitores. Nicolaus Weber e sua mulher Catharina Müssnich Weber doaram 50 braças quadradas de sua terra para a capela com a condição de plantar a área ao lado dela e do cemitério até que ele fosse utilizado.
Mas porque os abaixo-assinados tiveram muito trabalho na capela e a mesma era muito pobre, combinaram unanimemente que todo estranho que se fixasse na localidade e quisesse ter participação na capela e no cemitério, seria obrigado a pagar cinco mil réis para a capela. Ficaram isentos deste compromisso aqueles que herdaram a sua participação dos pais ou sogros.
São os seguintes, aqueles que ajudaram a construir a capela, conforme Ata de Fundação:
Peter Josep Ferst,Peter Liesenfeld, Johann Heinrich Schwickert, Schwickert Schnoor, Johann Jacob Schwaab, Philipp Braun, Peter Hartmann, Cristopher Gregorius, Nikolaus Seibel, Peter Zimmer, Nicolaus Dapper, Heinrich Philipp Wüst, Jacob Breitbach, Jakob Boeff, Christoph Lauxen, Joseph Müller, Christian Kasper, Johann Nicolaus Müssnich, Nicolaus Weber, Johannes Wehrmann, Jakob Philippsen, Anton Barden, Joseph Endres, Michael Willwert, Philipp Weiler, Johann Anton Bender, Johannes Machry, Mathias Alflen, Peter Bender, Gispert Kolsch, Jakob Ritter, Michael Schauren, Nicolau Wilchen, Heinrich Feldmann, Adam Johann, Vva. Margaretha Schädler, Mathias Klauck, Johannes Peter Diel, Caspar Schaab.
Estes nomes foram os primeiros que se associaram e construíram a capela, o cemitério e a escola. Esta ata consta no livro Jahrhundert p.557-n° 12.
Observe-se acima a foto da primeira capela-escola, construída em madeira. Esta capela ficava localizada em terreno defronte à atual.
Abaixo imagem antiga da atual igreja que foi construída na técnica enxaimel, por volta de 1910, porém foram rebocadas. Tanto a porta como a fechadura e sua chave são originais da primeira capela, de 1849. Assim como sua cruz de ferro com o galo ( guardados no interior da sacristia).
HISTÓRIAS NA MEMÓRIA DAS PESSOAS
A história contada por um descendente do imigrante do Bucherberg, Phillipp Weiler, conta que os filhos deste imigrante como também os irmãos Schneider, que em 1879, emigraram para Santa Clara e arredores e eram devotos de São Francisco Xavier. Eles também não mediram esforços na construção da Capela do Bucherberg em 1849.
Conta-se que os irmãos Weiler compraram e doaram a imagem deste santo para a Capela São Francisco Xavier.
Naquela época, as imagens e estátuas eram importadas da Alemanha, e eram levadas de barco de Porto Alegre a São Leopoldo. Um dia, os irmãos Weiler foram a pé até São Leopoldo buscar a estátua de São Francisco Xavier que tinha, mais ou menos, um metro de altura. Eles amarraram-na a um pedaço de madeira e levaram-na dois a dois pela estrada de São Leopoldo ao Bucherberg a pé.
No trajeto entre o Walachai e o Bucherberg, na descida do Kalvarienberg, nome dado devido ao caminho estreito, pedregoso e um declive muito acentuado, os carregadores da estátua tropeçaram, caíram e quebraram a imagem de São Francisco Xavier.
Não se pode imaginar qual foi a tristeza, a angústia, a desolação dos irmãos Weiler para tal tragédia. Mas eles não desistiram da sua promessa e resolveram doar uma nova imagem do santo, desta vez uma estátua menor, com mais ou menos 50 cm de altura e que ficou, por muitos anos, no altar da capela.
Muitos anos depois, os moradores do Bucherberg compraram uma nova imagem de São Francisco Xavier, que ainda hoje se encontra no altar da capela,
Esta história foi contada pelo Sr.Paulo Weiler, morador do Bucheberg em 30 de agosto de 2009.
A PRIMEIRA MISSÃO NA CAPELA SÃO FRANCISCO XAVIER EM MORROS DOS BUGRES EM 1858
Após muito trabalho e esforço, os primeiros imigrantes iniciaram a construção da 1ª a de São Francisco Xavier, junto o cemitério, onde as três localidades Walachai, Jammerthal e Morro dos Bugres tomaram parte na formação desta comunidade religiosa.
Ao lado da capela, construíram o cemitério onde os associados da mesma pudessem enterrar seus mortos para o seu devido descanso. Assim, em 1858, foram pregadas as primeiras Missões Populares na capela São Francisco Xavier em lingua alemã. Com certeza, foi uma grande alegria para os moradores daquela região de descendência alemã.
Aqui vem ao caso de dar uma explicação sobre Missão e Missões Populares. Missão é um termo pluvívoco, tendo sua raiz no verbo latino nuttere (enviar). Missão, antes de mais nada, é envio a que corresponde o anúncio, a Boa Nova. As Missões Populares são aquelas que, de tempos em tempos, se realizam nas Paróquias, durante certo período: uma
semana ou um mês, para reavivar o espírito cristão dos fiéis, que são verdadeiros exercícios espirituais e a renovação da fé e dos princípios cristãos.
As picadas vizinhas já colonizadas foram convidadas a participar das Missões. Por uma semana, a pequena e rústica capela de madeira foi palco de uma grande movimentação de fé e de abstinência, a pregação coube ao Pe. Missionário Bonifatius Klübber SJ. O Pe. Missionário, em seu relatório sobre a Missão na capela São Francisco Xavier em Morro
dos Bugres, escreveu sobre os participantes da missão, mencionando a população do Walachai e do Teewald (Santa Maria do Herval), onde ele comenta a grande devoção nas rezas e nos cânticos, mesmo com tempo ruim, chuvoso e na falta de estradas e as já existentes que estavam em precárias condições, mas a população não deixou de participar ativamente destas missões. Com certeza, deram novo ânimo e ardor na fé destes católicos. Em 1860, os doze colonos católicos iniciaram a construção da sua pequena capela e Santa Maria do Herval onde hoje se localiza a Vila Ferraria.
Homenagem do centenário da 1ª missão na capela
São Francisco Xavier Morro dos Bugres 1858-1958
Em 1858, foi pregada a 1ª Missão em lingua alemã, na Capela São Francisco Xavier e Morro dos Bugres. Esta capela era filial da Paróquia São Miguel de Dois Irmãos.
Após cem anos, em 1958, foi feita uma homenagem para celebrar a referida data centenária, na Capela São Francisco Xavier, em Morro dos Bugres, hoje uma filial da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, criada em 1931. Para celebrar, houve uma Missão Popular na última semana de outubro com término no dia 1º de novembro de 1958.
No domingo, dia 1º de novembro de 1958, foram realizadas as procissões a partir de Santa Maria do Herval e Walachai, com grande participação popular, como ocorreu há cem anos atrás, que culminou com uma festa popular organizada pela comunidade.
O pregador da Missão para lembrar o centenário, foi o Pe. Beuren SJ., assessorado pelo Pe. Konzel, cooperador da Paróquia, e pelo Pe. Afonso Scherer, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Neste dia, para celebrar a referida data, foi colocada junto à cruz, uma placa lembrando o centenário das primeiras Missões naquela comunidade.
O presidente da comunidade, naquela ocasião, era o Sr. Armando Vier e os censores foram Vendelino Zaehler e Alberto Dapper.
Os festeiros que organizaram a festa popular em comemoração ao centenário da Missão foram Armando Vier, Benno Braun e Luís Wilchen.
A ESCOLA E O ENSINO NO BUCHERBEG
Como em toda colônia alemã, os imigrantes, tendo uma bagagem cultural muito grande que trouxeram junto, logo, se preocuparam com a organização de sua comunidade: a construção da capela, o cemitério e a escola, pois sabiam que ali estava a sobrevivência da comunidade, quando seus filhos e sua descendência soubessem as letras e, assim, preservariam a cultura e os conhecimentos que eles mesmos trouxeram da Europa.
Assim, sem esperar por recursos e ajuda financeira do governo, eles mesmos abriram suas escolas provisórias e particulares para o estudo dos seus filhos. Escolheram entre eles a pessoa mais capacitada para assumir a tarefa de ensinar os filhos da comunidade na sua escolinha. Eles mesmos pagavam o professor.
Aí entra o trabalho muito importante na organização das primeiras escolas, o trabalho dos padres jesuítas e dos pastores evangélicos, pois o princípio era idêntico na formação religiosa do povo. Colocando os princípios cristãos e a base curricular que era: ler, escrever, contar, Biblia e catecismo, pois era muito importante a formação religiosa desde a infância. Todo este trabalho era acompanhado de perto pelos pais e religiosos. Nos primeiros anos da imigração alemã, os anos de estudo de cada aluno eram de três anos na escola; depois de 1900, os alunos passaram a ter de quatro a cinco anos de estudo.
A grande dificuldade dos primeiros professores era com o material escolar. Inicialmente os livros eram importados da Alemanha e se ensinava tudo em alemão, mais tarde, surgiram livros escolares confeccionados em Porto Alegre e São Leopoldo em português e alemão e com tradução do alemão para o português.
Professor João Seger foi professor no Morro dos Bugres de 1915 até 1938, dando aulas aos alunos somente na lingua alemã. Morava na casa estilo enxaimel que ele mesmo construiu e depois vendeu à Jacob Anschau.
No início, todos os alunos usavam a lousa (tafell) para escrever e um lápis feito com o mesmo material (pedra de ardósia) para escrever (griffel), acompanhado por um livro de leitura, a Bíblia e o catecismo. Mais tarde, também foram introduzidos a música e o ensino de cantos sacros e profanos. O ensino da música era muito bem aproveitado nas celebrações litúrgicas nas comunidades, na formação de corais e na preservação da cultura entre os descendentes.
Cada aluno trazia de casa a sua merenda, colocada dentro da mochila de pano (Schulersack), com o resto do material escolar de que o aluno necessitava para exercer suas tarefas. Todos os alunos iam a pé e de pés descalços, às vezes, mais de uma hora distante da escola, por caminhos e estradas mal conservadas ou pelo mato. Muitas vezes, estes pequenos meninos e meninas também aprontavam, quebrando as suas lousas que eram de pedra e frágeis. Quando alguém chegava em casa ou na escola com a lousa (caderno) quebrada, este era severamente castigado.
Após a construção da capela de madeira do Bucherberg e com a instalação do cemitério, os moradores da comunidade resolveram fundar uma escola junto à capela. Foi escolhido pelos moradores o Sr. Johann Nicolaus Müssnich como seu primeiro professor. Há relatos de que vinham alunos da recém-criada colônia do Teewald que ficava a duas horas de distância a pé da escola do Bucherberg, como os filhos do Sr. Johann Wagner.
O professor Johann Nicolaus Müssnich, além de professor, preparava as crianças para a 1ª Eucaristia, era também o sacristão da capela, entoava os cantos sacros nas celebrações da comunidade, fazia as devoções dominicais (Andacht) e fazia os enterros.
Todo este trabalho em benefício da comunidade, o Sr. Johann Nicolaus Müssnich fez até 1879, quando ele se transferiu com toda a sua família e outras famílias do Bugerberg para as recentes e novas colônias de Estrela e Lajeado. Não se sabe quem substituiu o Prof. Müssnich após a sua saída do Bugerberg, mas provavelmente a comunidade tenha escolhido outra pessoa para exercer as suas funções.
Entre 1898 a 1914, foi professor no Bugerberg, o Sr. Jacob Kroetz Sobrinho que, em 1914, transferiu-se com sua família para a região de Santa Rosa (Cerro Largo). Em 1914, assumiu a escola o Sr. João Büttembender Sobrinho que vinha do Walachai a cavalo até o Rio Cadeia e o restante do trajeto fazia a pé até a escola do Bugerberg. De 1915 até 1938, o professor foi o Sr. João Seger que morou no Bugerberg onde hoje se encontra a propriedade de Jacó Anchau e filhos. Com a nacionalização das escolas e a proibição do alemão, o Sr. João não teve mais condições de lecionar e largou a escola, vendeu a propriedade e foi morar por alguns anos em Santa Maria do Herval e depois foi para Porto Novo Itapiranga no Estado de Santa Catarina.
Em 1939, lecionou em Morro dos Bugres, o Sr. Eugênio Moraes que foi o primeiro professor público diplomado pelo município de São Leopoldo e nomeado para a escola da localidade. Durante as atividades docentes, o Prof. Eugênio também acumulou as atividades de sacristão. regente de coral, catequista, fazia enterros de crianças aos domingos na ausência do Pároco e, quando não tinha missa, fazia os cultos dominicais na capela. Com o aumento do número de alunos, foi necessária uma ajudante e abriu-se mais um turno de aula na escola e quem veio ajudar o Prof. Eugênio, foi sua filha, a Profª Noêmia, que já era professora recente no Morro do Pedro, em Ivoti. Com a aposentadoria do Prof. Eugênio, a Profa Noêmia acumulou todas as funções do seu pai, o que ainda faz hoje, além disso, é Ministra da Eucaristia da Comunidade São Francisco Xavier. Seguiram dando aulas junto com a Profa Noêmia, as professoras Rejani Holz, Maria Miguelina Kaefer e, por último, o Prof. Elisandro Dapper.
Quando a Escola Municipal José Bonifácio de Andrade foi fechada, seus alunos, em número muito reduzido, foram transferidos para o centro da cidade, alguns foram para o Colégio Estadual Cônego Afonso Scherer e outros, para a Escola Municipal Amizade, no Bairro Amizade.
Quando Dois Irmãos se emancipou de São Leopoldo em 1959, a região que abrangia o Morro dos Bugres tinha três escolas municipais. A Escola Municipal José Bonifácio de Andrade que ficava perto da capela São Francisco Xavier, a Escola Municipal São Luiz que ficava no Rio Loch, em terras doadas por Albano Schmitz, era uma escola com uma sala, uma despensa e um corredor, totalmente construída em madeira, conhecida como brizoleta. Suas atividades docentes iniciaram em 1962, sendo que o primeiro professor foi o Sr. Albano Wickert que vinha todos os dias a pé até a escola. Em 1965, o Prof. Querino Holz começou a lecionar nesta escola. Em 1971, iniciou a Profa Anésia Lisca Kaefer. Em 1975, começou a lecionar na escola São Luiz, o Prof. Aloísio Donato Braun.
Já, em 1979, iniciou a Profa Sofia Rannf e sucederam-se Nicolau Büttembender, Sídio Bäcker até o fechamento da escola por falta de alunos. A maioria das famílias com filhos foi morar em Dois Irmãos.
A Escola Municipal Prof. João Klauck, em Alto Morro dos Bugres, na divisa com Boa Vista do Herval e Santa Maria do Herval, foi construída em 1969, nas terras doadas por Ivo Olbermann e Nelga Maria Mallmann Olbermann, cujo primeiro professor foi o Sr. Eugênio Moraes, depois lecionou o professor Remy Schorr que teve como professores auxiliares no turno da tarde o Prof. Benno Knorst, a Profa Wilma Foppa Bassegio e a Profa Edi Herlene Weber Knorst e, de 1977 a 1978, assumiu nos dois turnos a Profa Solange Inês Wiest; de 1979 até 1988, o Prof. Aloísio Donato Braun. Em 1989, lecionaram as professoras Roseli Schuck e Lurdes Sardong Seger e, em 1990, assumiu novamente o Prof. Aloísio Donato Braun que foi auxiliado pelos professores Joel Dewes e Carla Comiotto. A partir de 1995, assumiram, em um turno, as professoras Nair Haubert, Sabrine Emanuela Becker, Rita Blume até que a escola foi fechada e seus alunos transferidos para as escolas de Boa Vista e Santa Maria do Herval.