O registros fotográficos e históricos abaixo são de pertencimento do Museu Histórico Municipal Professor Laurindo Vier. Quando usados em documentos, trabalhos e outros assuntos de terceiros pede-se a menção da respectiva fonte.
HISTÓRICO DE BOA VISTA DO HERVAL
Inicialmente, com a imigração e colonização de Santa Maria do Herval, com a divisão e a distribuição dos lotes, Boa Vista do Herval fazia parte das terras dos fundos do Herval e abrangia uma enorme área que hoje são as localidades de Boa Vista, parte da Linha Marcondes Baixa, parte da Nova Renânia, parte de Alto Pe. Eterno, boa parte de Alto Morro dos Bugres, seguindo o rio Cadeia rumo leste e Pe. Eterno Baixo. Como também Travessão Herval, hoje São José do Herval e Franckenthal estavam ligados ao Herval.
Com a criação do Distrito de Pe. Eterno, pelo município de São Leopoldo, cujo tamanho abrangia a área correspondente hoje ao município de Santa Maria do Herval, com sede em Boa Vista do Herval. Os colonizadores iam chegando e recebendo seus lotes seguindo a Linha Herval.
Sabe-se que, por volta de 1848, algumas famílias tentaram ocupar as terras da Linha Herval, mas a distância e o difícil acesso os fez desistir, porém, a partir de 1854, grupos maiores e sistemáticos conseguiram instalar-se nos lotes da Linha Herval, seguindo em direção norte. Não se tem uma data exata, mas se calcula que seja por volta de1870, quando os imigrantes e descendentes teriam chegado até o arroio Tapera na Linha Marcondes Baixa.
POVOAMENTO
Em poucos anos, toda a região da Boa Vista estava ocupada pelos colonos vindos da Alemanha e junto com os descendentes alemães de outras localidades já colonizadas, deram início há derrubada das matas para fazer suas plantações e construir suas casas e benfeitorias.
Quanto aos primeiros moradores que iniciaram a colonização de Boa Vista, estamos nos baseando em alguns relatos e documentos. Por exemplo, em uma entrevista com Edmundo Backes, nascido no Speckhoff (Boa Vista do Herval) em 1918, ele disse que seus avós paternos e maternos Jacob Backes e Jacob Müller eram da leva dos primeiros colonizadores da localidade.
Sabemos que muitos colonizadores, filhos e netos de imigrantes, colonizaram a imensa área, que compreendia parte de Boa Vista do Herval, numa extensão que seguia as linhas e a divisão dos lotes Travessão Herval, hoje São José do Herval, Linha Herval, lotes divididos em direção leste-direita e oeste-esquerda, rumo ao norte, incluindo as terras de Boa Vista até Marcondes Baixa, encontrando as divisas com Linha Imperial e Linha Marcondes Alta.
Com o passar dos anos, após as colheitas, surgia um problema comum para a época, a falta de estradas e as poucas existentes, na maioria das vezes, eram abertas, em forma de mutirão, pelos colonos e para abrir as ruas provisórias, usavam a picareta e a enxada e, com isso, podiam escoar as safras excedentes de suas propriedades e comprar as mercadorias de primeira necessidade.
O leito da estrada principal existente hoje, onde se localiza a parte mais baixa de Boa Vista do Herval, logo depois da Vila Ferraria, era diferente. Ela passava um pouco acima, onde o Sr. Júlio Volz construiu um moinho e uma serraria com carpintaria e que, mais tarde vendeu para o Sr. Jacob Oscar Schneider e lá a estrada voltava para o lado oeste, passando pela linha do travessão que dividia os lotes das terras e corria na direção norte, passando pelo cemitério da comunidade evangélica.
Foi lá onde a maioria dos seus moradores de confissão evangélica construíram uma escola, onde os filhos dos colonos pudessem estudar. Esse mesmo prédio servia também para realizar os cultos. Por volta de 1906, a comunidade foi constituída e já contava com mais de 80 famílias.
O velho prédio de madeira foi substituído por um prédio melhor, em enxaimel, por volta de 1901, e continuou a ser usado para realizar cultos até a construção da capela. Os pastores vinham a cavalo da Paróquia de Dois Irmãos, da qual faziam parte. Nele eram realizado cultos até o término da construção da atual igreja. Ele ainda serviu como escola até 1956, conforme relatos da Sra. Alide Müller, que foi aluna no prédio enxaimel e do professor Nestor Schaumloeffel, que lecionou ali de 1954 a 1956.
Em 1922, os moradores evangélicos resolveram construir a própria capela, que foi inaugurada em 04 de outubro de 1924. Elaboraram os estatutos transcritos em letras góticas no livro de atas da comunidade.
O terreno para a construção da capela foi doado pelo Sr. Otto Lindemann. A comissão de obras para a obra foi composta pelas seguintes pessoas: João Júlio Volz ( fez as aberturas e bancos) , Otto Lindemann, Jacob Müller e Emílio Schaumloeffel.
A festa de inauguração, a prédica do culto foi feita pelo Pastor Schasse e a animação do culto pelo Coral de Dois Irmãos e por um trio do Jacobsthal. Todos os participantes, naquela época, vieram a cavalo ou burro até o local da festa.
A igreja recebeu o nome de Igreja da Memória, Gedächtniskirche, em homenagem aos 100 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul (1824-1924).
Essa referência, única na região, ao centenário da Imigração Alemã em 1924, coloca em especial destaque o exitoso esforço despendido.
Em 1934 foi formada uma comissão para construção da torre atual, presidida pelo Sr. Leopoldo Lindemann, que já havia sido o mestre de obras da construção da igreja.
Com a inauguração da nova torre da igreja, substituindo a pequena torre de madeira, foi dada maior imponência à edificação
Boa Vista do Herval foi também a sede do 8º Distrito de São Leopoldo até 1949, onde funcionava uma sub-prefeitura e sub-delegacia. Eram os sub-prefeitos que administravam os distritos subordinados ao prefeito de São Leopoldo. Na maioria das vezes, eles exerciam ambas as funções de sub-prefeito e sub-delegado.
ORIGEM DO NOME DA LOCALIDADE
Desde os primeiros tempos da colonização e ocupação de Boa Vista do Herval, a localidade era denominada de Speckhoff. O distrito era denominado de Padre Eterno, mas localizada em Boa Vista do Herval, onde existia o prédio da sub-delegacia e onde o sub-prefeito administrava o Distrito.
O Sr. Jacob Kröetz Sobrinho foi professor em Santa Maria do Herval e, mais tarde, foi morar com sua família em Cerro Largo, onde também foi professor e regente de Coral por mais de 50 anos. Escreveu vários artigos no Jornal do Dia, no Suplemento St. Michelsblatt 1962, sob o título Aus Alter Zeit (Dos Velhos Tempos) em que conta sobre os primeiros tempos da colonização de Santa Maria do Herval.
Ele diz que o nome Speckhoff se originou do fato de quando colonos que se instalou na localidade, deu início à criação de suínos e sempre fazia toucinhos e banha para vender para os colonos. Quando vinha um colono recente e que precisava de banha, dizia-se: vão no Klauck buscar toucinho ou banha, no Hoff →que significa pátio, propriedade e foi
assim que surgiu o nome Spechoff. Com a nacionalização, os nomes foram transferidos para a língua portuguesa e a denominação Boa Vista se deve à posição geográfica da localidade, que se localiza num lugar alto e de onde se tem uma boa visão para longe. Já a expressão do Herval se deve ao fato de o lugar estar ligado às terras da Linha Herval, por isso ficou Boa Vista do Herval.
FORMAÇÃO DA COMUNIDADE CATÓLICA SÃO LUIZ GONZAGA
O povoado de Boa Vista do Herval é formado por duas comunidades religiosas: a evangélica, na parte inferior, e a católica, na parte superior.
Nos primeiros tempos, os moradores católicos pertenciam e eram associados à primeira capela construída em 1860 e dedicada a Nossa Senhora Auxiliadora. Com a transferência da capela para mais perto do Rio Cadeia, onde o terreno era mais plano; a comunidade católica de Boa Vista, que já possuía uma pequena escola particular e um cemitério, começou a se organizar e deu início à construção de sua própria capela. Isso aconteceu por volta de 1914, sob a liderança do Professor Aloísio Eich. Bastantes sobras de material da construção da capela Nossa Senhora Auxiliadora foi reaproveitadas na capela de Boa Vista do Herval, que foi dedicada a São Luiz Gonzaga.
A partir de 1919, a comunidade foi liderada pelo Sr. Nicolau Scholl. Ele era professor da escola, sacristão da capela, catequista e regente do Coral Masculino São Luiz Gonzaga.
Em 1937, o professor Nicolau Scholl foi nomeado pelo Bispo Dom João Becker fabriqueiro da capela São Luiz Gonzaga. Com a nacionalização das escolas, o Professor Nicolau Scholl parou de lecionar e transferiu-se para Santa Maria do Herval. Depois do Professor Scholl, vários professores lecionaram na escola perto da capela, dos quai destacamos Jacob Lothário Hendges, Afonso Sidegum, Liani Kuhn Broilo, Sônia Kuhn Voltz e Elisio Adalberto Blume. Todos eles muito ligados à comunidade, atuavam na catequese, na liturgia e em serviços voluntários em favor da comunidade.
Como o prédio da 1ª capela da comunidade São Luiz Gonzaga necessitava de uma reforma, os associados resolveram construir uma nova capela.
Em 14 de janeiro de 1950, os professores Jacob Lothário Hendges e Aloísio Kuhn doaram para a comunidade 1.301 m² de área de terras em favor da Mitra com o propósito de construir a nova capela. A bênção da pedra angular da obra da nova capela foi dada em 16 de janeiro de 1950 e, após, realizou-se uma grande festa popular em favor da comunidade.
A SOCIEDADE ATIRADORES:
Esta Sociedade foi fundada em 08 de março de 1925, com sede no Salão do Sr. Bruno Winter. O bonito prédio da Sociedade Atiradores foi construído para ser um hotel, pois ele imaginava que o local se transformaria em grande atrativo turístico, como acontecia com Gramado, uma vez que já existiam outras pousadas no Herval, que atraiam pessoas do Vale do Sinos para veranear, inclusive para repouso e curas. Além de pessoas que, às vezes, precisavam pernoitar na localidade, principalmente, no verão, durante o período de férias.
Em 1951, este prédio foi comprado pelos associados do Sr. Bruno Winter e o transformaram em sede definitiva da Sociedade Atiradores de Boa Vista do Herval, sendo o primeiro ecônomo o Sr. Arthur Wingert, que também foi motorista por muitos anos, do ônibus da Empresa Wendling. Depois foi o Sr. Arnaldo Studt quem ficou na Sociedade por muitos anos como ecônomo.
Desde de 1942, a linha regular de ônibus da Empresa Wendling de Dois Irmãos teve como saída e chegada na Sociedade, a Linha que ligava Boa Vista do Herval a São Leopoldo.
A Sociedade Atiradores, Bolão e Cantores,que foi ali fundada, utilizando até hoje sempre o mesmo livro de registros. O Sr. Bruno Winter ali também exerceu sua atividade de dentista, após a compra do prédio pelos associados, ele se transferiu para Gramado.
Ao lado da Sociedade existia um prédio de madeira, onde era o local que ficava a cancha de bolão, a tábua de tiro ao alvo e um bar.
No 1° Domingo de cada ano, é disputado o Rei do Tiro na sociedade e no sábado seguinte acontece o Baile do Rei e dos Cavaleiros.
A disputa do Rei e da Rainha, dos cavaleiros e das damas do bolão acontece anualmente.
A Sociedade Atiradores também mantinha um coral masculino que funcionou por muitos anos e foi desativado pela falta de cantores e de um regente, pois o custo e os incentivos para manter, eram muito altos.
O CENTRO RURAL DR. ALBERTO SCHWEITZER:
Em 1947 sai o Decreto do Estado que cria a Escola Isolada de Boa Vista do Herval, mas que só em 1957 passa a ser estadual na prática, quando este prédio ( prédio da escolinha de madeira da comunidade evangélica, que ficava onde hoje é o salão) foi transferido para o novo local, onde hoje fica a praça de brinquedos da Escola Estadual Dr. Alberto Schweitzer, sendo utilizado até 1971.
Em 19 de setembro de 1965 aconteceu o lançamento festivo da pedra fundamental para a construção do Centro Rural Dr. Alberto Schweitzer, através do Pastor Heinz Dressel, que obteve patrocínio da Suécia para o empreendimento.
O Centro Rural iniciou suas atividades em março de 1966, com fala do Pastor Dressel, tendo aulas com currículo normal em meio turno e outro turno com aulas de técnicas agrícolas, corte e costura, enfermagem, entre outros, já ocorrendo, naquela época, o TURNO INTEGRAL, com semi-internato. Pela manhã, os educandos tinham aulas com as matérias teóricas e à tarde, as aulas de práticas profissionalizantes.
Em 1971 o Centro Rural Dr. Alberto Schweitzer encerrou suas atividades . como centro profissionalizante , motivo pelo qual as atividades da Escola Estadual foram integralmente transferidas para aquele prédio por decisão da diretoria da igreja , muito melhor e com mais salas para abrigar as diversas turmas de alunos .
Com esta transferência , a escolinha de madeira , de duas salas , foi desmanchada e transformada em moradia para professores , nos fundos do prédio escolar , a qual ainda existe e é usada até os dias atuais .
Em 1974 a escola recebe autorização para o funcionamento da 6ª série e no ano de 1976 recebe o nome de Escola Estadual de 1º Grau Incompleto Dr. Alberto Schweitzer . Em 1991 é inaugurado o prédio atual , quando também é autorizado o 1 ° Grau Completo , passando a funcionar as 7ª e 8ª séries .
RETROSPECTIVA AO CENTRO RURAL DR. ALBERTO SCHWEITZER
Síntese do texto original do Pastor Heinz F. Dressel , escrito na Alemanha especialmente para esta publicação .
Em 6 de agosto de 1957 eu assumiria o serviço na paróquia de Dois Irmãos com suas comunidades filiais Picada Verão , Walachei , Boa Vista do Herval , Padre Eterno e Fazenda Padre Eterno . Exceto a comunidade matriz , toda a região não era apenas rural , mas culturalmente de origem germânica entre a maioria dos habitantes . O dialeto do Hunsrück era a língua corrente em toda região .
Em visita do presidente do Sínodo Riograndense a Dois Irmãos ( 25/01/1962 ) , este relatou da Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas em Nova Délhi , da qual participara pessoalmente na condição de delegado da Federação Sinodal .
Em função disso , logo iniciamos em nossa paróquia uma série de " Encontros de Agricultores " : em 25/08/63 sucedeu - se o primeiro „ Encontro “ em Boa Vista do Herval ; em 23/8/64 o segundo , em Padre Eterno ; o terceiro , em 01/8/65 em Fazenda Padre Eterno , e em 14/08/66 o quarto em Picada Verão . O quinto Encontro " o P. Lützow promoveu no Walachei em meados do ano 1967. Nos anos 1960 dois terços da população do Rio Grande do Sul ainda eram rurais .
Tivemos de visar a uma ação global no projeto do Centro Rural .
A base disso decerto era certo otimismo cultural do Humanista Alberto Schweitzer .
Desde o início , o Centro Rural devia cumprir dupla função : aprofundar a formação geral e garantir uma instrução profissional adequada em diversos campos , a saber :
a ) tecnologia agrária
b ) economia doméstica
c ) higiene e saúde .
Não apenas a juventude seria grupo - meta das atividades educativas , mas também a formação de adultos deveria ser considerada .
Finalmente , havia outras duas funções a serem observadas :
1 - planejamento familiar responsável ;
2 - A criação de novas fontes de renda pela orientação das pessoas a trabalhos domésticos tais como costura , tricô , bordado , etc. , e pela orientação técnica ao beneficiamento e comercialização de produtos da terra , conservando frutas , por exemplo . Deste modo pretendia - se interferir das mais variadas formas na população da região por intermédio de um moderno projeto rural educativo da Igreja Evangélica .
O Centro Rural devia seu nome ao doutor nas matas , do lugarejo africano de nome Lambarene . Poucos meses antes de seu falecimento , Dr. Albert Schweitzer concedeu pessoalmente permissão para denominar o Centro Rural com seu nome : " Com todo permito que o centro rural que o Sr. está criando tenha o meu nome . Sinto - me muito homenageado com seu pedido . " ( 01/05/65 ) .
" Não optei por esse nome apenas devido as relações pessoais que me ligavam Alberto Schweitzer . Escolhi esse nome por uma razão muito mais importante : Alberto Schweitzer , enquanto teólogo , abriu mão de sua carreira profissional de pastor de umacomunidade em Strassburg e de sua docència privada na Faculdade de Teologia daquela cidade , deixou a Europa e passou quase dois terços de sua longa vida entre os africanos , em condições modestas e pessoas simples . Desse modo , deixou uma mensagem que sublinhava a intenção fundamental de Deus de se integrar ao mundo .
Em fins de 1964 chegou o comunicado do Secretário Geral da Comissão Evangélica Sulriograndense da Ação Social , pastor Bantel : " Hoje temos a satisfação de poder lhe comunicar que de Berlim foram autorizados 12.000 marcos alemães para a aquisição da " A compra da terra pode ser efetivada pela entrada de Cr $ . 5.000.000.- ( cinco milhões de cruzeiros ) em 15 de janeiro de 1965 .
A primeira parcela da Associação pela Ação mal havia coberto pouco mais da metade do preço da terra necessitada . Pela parcela restante eu mesmo me responsabilizara temporariamente . Toda a terra foi registrada em nome da comunidade evangélica de Boa Vista do Herval . A parcela remanescente devia ser paga até o final do ano . Não foi possível adquirir os prédios porque teria encarecido demasiado o projeto . Aguardava - se , contudo , uma doação significante da Confederação Luterana Mundial , com que o Centro poderia ser construído e equipado .
A comunidade evangélica de Boa Vista do Herval já antes havia entregue ao Estado uma casa de dois pequenos cômodos , que construíra como escola . Havia ainda outra pequena escola primária na região .
A inauguração do Centro Rural Dr. Alberto Schweitzer em Boa Vista do Herval pôde ocorrer a tempo para obedecer o novo ano letivo .
" O 6 de março de 1966 foi um dia histórico para a população de Herval . Numa comunidade colonial isolada há poucos eventos históricos de impacto . Verdadeiramente importantes , por exemplo , não são os pleitos eleitorais ou as festas populares bem sucedidas , e sim a inauguração de uma ponte , porque ela resolve que questão do transporte , vital para o colono , ou a inauguração de uma Igreja , porque com ela é dada a oportunidade da reunião da comunidade sob o verbo divino . Os habitantes de Herval puderam vivenciar um evento significativo no domingo , dia 6 de março , evento importante em termos de História para essa região : a inauguração do Centro Rural Dr. Alberto Schweitzer " , edificado pela comunidade evangélica de Boa Vista do Herval .
A inauguração iniciou - se com uma celebração religiosa , ministrada pelo presidente da IECLB , Dom Ernesto Schlieper .
O Padre Scholl , de Santa Maria do Herval , representava a comunidade católica . Ele ajudou , passando a tarde controlando o equipamento de som que sua paróquia nos emprestara . O pastor Lützow obteve seus méritos no leilão " os últimos galos de Boa Vista " Estimavam - se uns dois mil participantes .
Para iniciar as aulas , contávamos com o Diretor Schaumlöffel , dispunhamos ainda de uma professora de São Leopoldo , Elaine Lorenz , que assumira a matéria de " cultura geral " . Werno Michel era o zelador , que ao mesmo tempo atuava como auxiliar de agronomia na escola . Sua esposa cozinhava para os professores . Tínhamos , ainda , o voluntário alemão Volker Ledeboer , que ministrava aulas técnicas e introduzia os alunos na prática agrícola .
No Centro Rural atendíamos 36 alunos e alunas . Dividiam - se em três cursos :
1 ) Sexto Ano Escolar ( correspondente ao 1º ano ginasial . Ainda não credenciado pelo Estado ) ;
2 ) Curso de Economia Doméstica ;
3 ) Curso Agrícola Especial , desenhado especialmente para pessoas que não se enquadravam na 6 série , pela ausência de formação prévia .
Os escolares eram lecionados nas seguintes matérias : portugués , matemática , contabilidade , história , geografia , biologia , zoologia , religião , alemão , ciências sociais , teoria e prática agronômica ; para as meninas do curso de economia doméstica , ainda : trabalhos manuais , costura , cozinhar , bolos e pães . Quando as duas técnicas alemãs chegaram , incluíram - se ainda uma série de matérias outras : higiene , primeiros socorros , cuidados neonatais , enfermagem , artesanato .
Em 10 de dezembro de 1966 , o Centro Rural comemorou a conclusão do ano letivo com 20 alunos da nova 6ª série , bem como as 6 meninas do curso de economia doméstica . Pela primeira vez na história local houve uma 6ª série numa escola primária , que , em termos jurídicos , correspondia ao primeiro ano do ensino médio , reconhecido pela Secretaria de Educação . A sra . Regina Zimmermann era a professora de economia doméstica ( DED ) .
O diretor Schaumlöffel relata : ,, Na escola dispomos atualmente de cinco voluntários do DED , uma enfermeira , duas professoras de economia doméstica e dois técnicos agrícolas . Os técnicos agrícolas promovem um trabalho de extensão em todo âmbito do 3º distrito . No Centro promovemos cursos de economia doméstica . Para o próximo ano está previsto um curso de mecânica . Em agosto adquirimos uma máquina de debulhar que é aproveitada por toda região na colheita do trigo . Até hoje foram colhidos 800 sacos . A renda fica com o Centro . "
Gosto de relembrar os tempos pioneiros dos anos 60 . Se alunos e alunas da minha época lerem estas linhas , gostaria de saudá - los muito.
FONTE: LIVRO “ NO CORAÇÃO VERDE DA MATA VIRGEM, TEEWALD- SANTA MARIA DO HERVAL” e LIVRO “ COMUNIDADES EVANGÉLICAS DO HERVAL E OUTRAS HISTÓRIAS”