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ALTO PADRE ETERNO

O registros fotográficos e históricos abaixo são de pertencimento do Museu Histórico Municipal Professor Laurindo Vier. Quando usados em documentos, trabalhos e outros assuntos de terceiros pede-se a menção da respectiva fonte. 

HISTÓRICO DA COMUNIDADE DE ALTO PADRE ETERNO

 

A denominação Padre Eterno Alto ou Rosário é o resultado da divisão do Padre Eterno a partir da fundação da comunidade religiosa. A localidade apresenta a altitude máxima do município de Santa Maria do Herval, o Morro Dullius, com 885m, situado entre Padre Eterno Alto e Nova Renânia. A localidade situa-se na região Nordeste, limitada pelos municípios de Três Coroas e Gramado.

POVOAÇÃO

Padre Eterno Alto ou Rosário foi povoado juntamente Padre Eterno Baixo, quando os colonos, filhos e netos de imigrantes, aos poucos, povoaram toda a região. Eles começaram a derrubada das matas, plantavam feijão, milho, arroz, batata e tabaco para a fabricação de fumo em corda ou rolo.

Construíram suas casas e benfeitorias, instalando-se na sua propriedade. Aos poucos, também entrou a criação de animais: suínos, galinhas, bovinos, estes usados também na força do trabalho e mulas e cavalos, o principal meio de transporte.

EDUCAÇÃO

Em todas as localidades do nosso município, os colonos, quando instalaram, estavam preocupados com a instrução do conhecimento, uma cultura que receberam dos antepassados e, por isso, construíram uma escola particular ou provisória por eles mesmos custeada, mesmo com dificuldades para que seus filhos aprendessem o básico para a ler, escrever, contar e religião.

Por volta de 1915, entre Padre Eterno Baixo e o Alto Padre Eterno, os colonos construíram uma pequena escola totalmente de madeira. Segundo relatos de pessoas idosas das duas localidades, os professores que lecionaram foram Nicolau Ignaz Weber, que trabalhou nas duas escolas, Alberto Dieter, Aloísio Mentz. Depois lecionou o professor Jacob Dillemburg, que se estabeleceu como morador perto da escola.

Com o advento da escola pública pelo município de São Leopoldo, lecionaram Alfredo Wingert, que também lecionou no Padre Eterno Baixo. Por muitos anos, o Professor José Kreuz construiu um Salão de Bailes e alugou uma parte para servir de escola ao lado da Capela Nossa Senhora do Rosário. Outros professores que lecionaram e tiveram uma passagem rápida, foram Elvira Fleck-Moog, Léo Dapper, Arno Colório, Davi Andreis e Oswaldo Dilkin. Com a chegada do professor Ilson Kaefer, que iniciou suas atividades docentes na escola municipal em 1962, um prédio novo foi construído pelo município de Dois Irmãos. Mais tarde, lecionaram as professoras Loiva Thomé Comiotto e Maria Doraci Ghesla Führ. O nome da escola do Alto Padre Eterno se chamava Padre José Scholl, em homenagem ao exemplar sacerdote que nasceu nesta paróquia e grande músico que era, deixando saudades por onde passava, pelo exemplo e simplicidade com que tratava seus paroquianos.

O prédio de madeira e a falta de espaço fizeram com que, em 1982, o então prefeito de Dois Irmãos, Sr. Norberto E. Rübenich construísse um novo prédio em alvenaria com amplo espaço e uma quadra esportiva. Naquela época, o número de alunos passava de 100, distribuídos em cinco séries. Atualmente, a escola está fechada alunos são transportados para escolas de Boa Vista e Santa Maria do Herval, a sede municipal.

A comunidade atualmente está utilizando o prédio como casa mortuária, assim, a comunidade mantém o prédio em bom estado e não se perde o patrimônio público.

Os professores municipais do Alto Padre Eterno, além de lecionarem, sempre estavam e ainda estão inseridos nos serviços comunitários, como catequistas, liturgistas e participam das atividades festivas da comunidade.

CONSTRUÇÃO DA CAPELA

Antes da formação da comunidade católica do Alto Padre Eterno, os moradores dessa comunidade faziam parte do Baixo Padre Eterno, Santíssima Trindade, onde eram realizados: 1° Eucaristia, Crisma, casamentos e enterros. A distância, as péssimas estradas de acesso ao Padre Eterno Baixo e o aumento da população fizeram com que moradores fundassem sua própria comunidade religiosa, os quais receberam total apoio do Pároco Cônego Afonso Scherer. Ele, esporadicamente, rezava missa na casa do colono Alfredo Dilkin. Durante o período de construção da capela, o Pe. Cônego Afonso Scherer rezava mensalmente missa e encorajava os moradores da região a colaborarem na construção da capela.

Em 30 de dezembro 1944, a comunidade recebeu a licença para a construção da capela. A planta e desenho da nova capela foram montados por Dom Vicente Scherer, arcebispo de Porto Alegre.

A comissão da construção da capela foi formada pelos seguintes pedreiros: Jacob Fröelich, o mestre de obras, Cenário Andréias, Leopoldo Andréias, Dovi Andréias, Albino Andréias, Aloísio Knorst e os carpinteiros Leopoldo Lindemann e João Fröelich.

Em 14 de janeiro de 1945, aconteceu a bênção da pedra angular capela Nossa Senhora do Rosário, após festa popular em beneficio da comunidade.

Todos os associados e moradores ajudaram, em forma mutirão, na construção da capela. As pedras de ferro para erguer as paredes foram quebradas na propriedade de Pedro Backes, localizada a uns 500 metros da atual capela.

As terras onde se localizam a capela e o cemitério foram doadas por Jacob Schneider. Em 09 de fevereiro de 1947, aconteceu a e a bênção da capela Nossa Senhora do Rosário, em Alto Padre Eterno, com festa popular em benefício da comunidade. Por volta de 1952, a comunidade adquiriu o sino, quando construíram uma torre ao lado da capela de madeira. Em 1990, o pedreiro Harry Backes junto com sua equipe construiu a atual torre da capela.

Em 11 de janeiro de 1947, Dom Vicente Scherer nomeou o Sr, Alfredo Dilkin como fabriqueiro da capela Nossa Senhora do Rosário.

Com grande festa popular na comunidade Nossa Senhora do Rosário após a missa festiva, realizada no dia 2 de maio de 1948, foram bentas as imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São José, após a realização de uma procissão, elas foram colocadas no altar da capela.

A imagem de Nossa Senhora do Rosário foi doada para comunidade por João Klauck e a imagem de São Jose foi doada por Theobaldo Zäehler.

O primeiro casamento realizado na capela Nossa Senhora do Rosário foi em 09 de maio de 1947, com missa solene às 9 horas, cantada pelo Coral Altaneira, que era regido pelo professor Joseph Kreuz. Os noivos eram Aloysio Schneider, que hoje tem 88 anos de idade, e Hulda Edinger Schneider.

Os moradores na época da construção da capela eram: Peter Franck, Joseph Zimmer, Arthur Fröelich, Felipe Boufleur, José Fávero, Arthur Zimmer, Júlio Führ, Jacob Schneider, Johann Schneider (teve 20 filhos com duas esposas), Avelino Capeletti, Williann Kröetz, Alfredo Dilkin, Joseph Kreuz (professor), Aloysio Wobeto, Joseph Wobeto, Antonio Hoff, Reinaldo Sidegum, Henrique Schuck, Jacob Fröelich (mestre de obras da capela), Oscar Kunzler e Peter Backes.

COMÉRCIO E AGRICULTURA

Uma das principais casas comerciais da localidade pertenceu ao Sr. Edmundo Hörlle, que a vendeu, mais tarde, para o Sr. Willy Schuh, que além do comércio de produtos agrícolas, de alimentação e vestuário, possuía um açougue e uma fábrica de queijo. Para poder transportar os produtos, adquiriu um caminhão Chevrolet 1938 em 1939, uma novidade para a época. Essa propriedade foi vendida para Emílio Kreuz e Urbano Schaumloeffel que, mais tarde, passaram o negócio para o Sr. Alfredo Dilkin e, este, o vendeu para Heriberto Thomé.

O Salão de Bailes do professor Joseph Kreuz foi comprado pelo Sr. Heriberto Thomé, no qual era realizado todo ano o Baile de Kerb da comunidade. Quando a comunidade construiu seu salão comunitário, onde a comunidade passou a realizar as festividades, o Sr. Thomé encerrou as atividades com bailes.

Os principais produtos agrícolas cultivados pelos colonos eram milho, arroz, feijão, batata, fumo de corda - para muitas famílias era o produto que mais deu dinheiro. Havia também a criação de animais, como suinos, aves, algumas vacas, os bois, que eram utilizados para o trabalho na roça. Todas as famílias até 1960 possuíam dois ou quatro cavalos ou burros para o uso nas lavouras e para o transporte das pessoas dentro ou para fora das localidades, uma vez que não havia carros pequenos e as estradas eram precárias.

A agricultura nas pequenas propriedades rurais era complicada,pois havia pouca terra e muito acidentada e muito cansada e as famílias eram muito numerosas. Tudo isso fazia com que muitas famílias saíam à procura de terras novas. Esse movimento migratório começou pela região do Alto Uruguai, em cidades como Cerro Largo, Cândido Godói. Mais tarde, foram para o oeste de Santa Catarina - Itapiranga e arredores, sul e oeste do Paraná. Na década de 50, ainda rumaram para o município de São Leopoldo. O fenômeno tornou visível o empobrecimento do homem do campo das Colônias Velhas.

O Dr. Wolfram Metzler, o Pe. Sehnen e os secretários-gerais da União Popular (Volzwerein) visitaram as colônias, realizando reuniões para orientar os agricultores e chamaram atenção das autoridades municipais de que algo deveria ser feito na agricultura, como a introdução de novas culturas, a diversificação e novas técnicas de produção.

Por volta de 1953, o Sr. Albano Adolfo Sander, de Alto Padre Eterno, região que era o 8º Distrito do município de São Leopoldo, aceitou e recebeu 20 Kg de batata semente da variedade Gaúcha para que produzisse novas sementes. O plantio foi orientado pelo engenheiro agrônomo Dr. Clemente Goepfler, de São Leopoldo. Ele orientou o Sr. Albano, usando novas técnicas de plantio, uso de adubo químico e de fungicidas.

Segundo as pessoas pesquisadas e confirmadas pelos familiares que participaram do plantio e da colheita, o resultado obtido foi fantástico, pois dos 20 Kg plantados, puderam ser colhidos 288 Kg, ou seja, 5 sacos e 38 Kg.

A partir dessa experiência, os colonos das redondezas fizeram a aquisição de pequenas quantidades de sementes novas, a fim de multiplicá-las, usando técnicas novas de plantio, usando adubo e fungicidas. Portanto, começaram a produção da batata em maior escala para abastecer o comércio e, assim, aumentar a sua renda.

Os primeiros colonos que adquiriram essas novas sementes para produzir em maior escala para o comércio foram Heriberto Thomé, Aloísio Schneider, Jacob Boeff, Walter e Alcídio Olbermann, João Blume, Ernesto Dapper e Nicolau Wendling.

A partir de 1957, veio, para Santa Maria do Herval, uma nova variedade de batata, de cor vermelha, de formato alongado, de aparência bonita e o nome dela era Baronesa (Schupeda). Essa variedade, de boa produtividade, com o uso de novas técnicas, espalhou-se rapidamente por toda a região. A produção aumentou muito e teve boa aceitação no comércio. Os bataticultores obtiveram muito lucro e a fisionomia da colônia ficou diferente. Os comerciantes locais começaram a comprar em grandes quantidades e comercializavam os produtos na Grande Porto Alegre e, quando retornavam do varejo, traziam insumos aos agricultores, tais como, adubos químicos, calcários e agrotóxicos.

Entre 1960 e 1980, Santa Maria do Herval e arredores eram os maiores produtores de batata do Rio Grande do Sul. Com o bom desempenho da produção de batata, o nível econômico dos agricultores melhorou, surgiram melhorias nas propriedades e nas moradias, aquisição de automóveis etc.

Entre a década de 80 e 90, começou a superprodução nacional,porém na região de Santa Maria do Herval, a produção caiu, a qualidade e a produtividade diminuíram, as muitas doenças fizeram com que os agricultores não conseguissem mais renda. Enquanto que no campo a produção aumentava devido às lavouras mecanizadas e às novas técnicas de boas sementes, diminuíam os preços e os pequenos agricultores não podiam mais competir com os grandes produtores.

FONTE: LIVRO “ NO CORAÇÃO VERDE DA MATA VIRGEM, TEEWALD-SANTA MARIA DO HERVAL”

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